Provavelmente você já ouviu falar em mioma ou conhece uma pessoa que tem ou já teve. Muito comum entre as mulheres, esse tipo de problema já atinge 80% delas, causando desconforto e podendo acarretar conseqüências desagradáveis se não for tratado.
O que são miomas?
Para quem não conhece, os miomas são tumores benignos (não cancerosos), que se desenvolvem na parede muscular do útero. Na maioria dos casos, são múltiplos. O tamanho varia: os miomas podem medir de menos de 1 mm até mais de 20cm de diâmetro.
Em função da localização, tamanho e quantidade, a mulher pode apresentar os seguintes sintomas: períodos menstruais prolongados e com bastante fluxo; aumento das cólicas menstruais; dor no baixo ventre; dor na região lombar, flancos e pernas; dor durante a relação sexual; pressão no sistema urinário; prisão de ventre e retenção de gases; e aumento do volume abdominal, que pode ser mal interpretado como ganho progressivo de peso. Mas quem tem, não necessariamente, sente alguma coisa. Uma mulher de 20 anos pode ter um mioma e não apresentar sintomas até os 30, 40 anos.
Como detectar a presença dos miomas?
Dependendo do tamanho e da localização do mioma, o exame ginecológico de rotina pode sugerir a sua presença. "Mas para confirmar a sua existência, o recomendado é fazer um exame de ultra-sonografia, de preferência a transvaginal", explica o médico.
Como surgem?
Uma das possibilidades é o crescimento desordenado das células miometriais, formando o tumor. Alguns fatores podem favorecer o aparecimento dos miomas: ser da raça negra, ter histórico familiar de mioma, nunca ter tido filhos, obesidade, ingestão de carne vermelha em grandes quantidades, histórico de doença inflamatória pélvica, ligadura de trompas, uso de talco na região perineal uma ou mais vezes por mês, doenças como diabetes e hipertensão e idade entre 35-44 anos. “O uso de hormônios (anticoncepcionais orais, reposição hormonal) pode influenciar o crescimento desses tumores”, explica Evangelista.
Diagnóstico
Os casos de mioma que não apresentam sintomas importantes não exigem tratamento imediato, mas devem ser acompanhados regularmente. “Para a mulher que se aproxima da menopausa, o tratamento medicamentoso para bloquear a produção de estrógeno é o mais indicado. Essa técnica também facilita a remoção cirúrgica do tumor porque a supressão da função ovariana pelo hormônio ajuda a diminuir o tamanho dos miomas”, explica Evangelista. Pode-se, ainda, recorrer a técnicas cirúrgicas como a histerectomia (retirada do útero) e a miomectomia (retirada do mioma) por via vaginal ou cirúrgica.
Nos últimos anos, foi criado um novo tratamento, que tem como objetivo bloquear o fluxo sangüíneo das pequenas artérias que levam o sangue que "alimenta" os miomas – isto leva a uma parada da hemorragia ginecológica e também a uma redução no tamanho dos miomas. Este tratamento é conhecido por embolização e é executado por um médico radiologista intervencionista, que utiliza um finíssimo tubo (cateter) que é introduzido e usado para bloquear a artéria que está levando sangue para o local da hemorragia. “Após as artérias serem bloqueadas, a hemorragia para progressivamente. Se os miomas são a causa da hemorragia e o seu suprimento de sangue é cortado, eles tendem a diminuir significativamente de tamanho", avalia o médico.
Gravidez e menopausa
Não se pode deixar de lado o fato de que os miomas podem acarretar problemas para engravidar. Isso acontece porque eles dificultam a fixação do embrião no interior do útero. Os miomas causam infertilidade em 5% dos casos, mas o índice pode chegar a 15% se for associado a problemas tubários e à endometriose. Eles causam infertilidade principalmente quando estão localizados na cavidade uterina (miomas submucosos). Os miomas intramurais e transmurais só causam infertilidade quando, por conta de sua localização e de seu volume, distorcem a cavidade uterina ou causam compressão sobre as trompas. Além disso, o problema também pode dificultar a manutenção da gravidez.
Segundo o médico especialista em reprodução humana, Evangelista Torquato, nem sempre as mulheres que sofrem com os miomas precisam de tratamento para engravidar. “São casos e casos. Existem situações em que eles são muito pequenos, e portanto não influenciam a gravidez”, acrescenta.
De acordo com Evangelista, uma mulher grávida com mioma tem que ser acompanhada bem de perto, pois existe chance deste mioma crescer muito ou até mesmo se degenerar. Entretanto, nestes casos, às vezes a grávida tem que ser operada antes mesmo do nascimento do bebê. Os miomas podem crescer acentuadamente durante a gravidez, o que parece ser devido ao aumento dos níveis hormonais. "Mas, após a gestação, geralmente eles retornam ao seu tamanho anterior", acrescenta.
Durante a menopausa, os tumores podem diminuir. "Com o surgimento da menopausa, pela redução do estímulo hormonal, geralmente há diminuição desses tumores, que são altamente responsivos aos hormônios", finaliza Evangelista.
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